António do Adro aponta para o regresso ao Campeonato de Portugal
Entrevistado: António do Adro
Portugal Sport: Presidente, o que falhou na temporada passada? E com que opinião ficou em relação ao modelo do Campeonato de Portugal, uma vez que o Louletano também acabou por ser vitima deste sistema.
António do Adro: Era uma época de ambição, não escondemos isso. Fomos bastante regulares numa primeira fase, onde falhamos o acesso à fase de subida por um golo. Fomos quase sempre das melhores equipas, estivemos nos lugares cimeiros e foi uma grande injustiça termos descido por três ou quatro jogos. Fizemos mais pontos e golos que as outras equipas que se mantiveram. Não tem lógica nenhuma.
É óbvio que não concordo com este formato do campeonato, porque durante um ano uma equipa pode ser a mais forte e mais regular, mas com dois jogos maus pode descer de divisão. Seja como for, sabíamos a regras do jogo e perdemos. A culpa é nossa, assumimos isso. Não podíamos falhar nos últimos dois jogos. Estamos a trabalhar para regressar rapidamente aos nacionais e em ano de centenário queremos jogar no Campeonato de Portugal.
PS: Que alterações vão acontecer de maneira alavancar a equipa esta temporada?
AA: Fomos buscar um dos treinadores que eu considero ser dos melhores. O Ivo vai ter uma palavra nos jogadores que vamos buscar logicamente, sendo que queremos os melhores futebolistas possíveis para subir já de divisão, com capacidade para competir no Campeonato de Portugal, já no imediato. O plantel que vamos montar é aquele com que queremos disputar o Campeonato de Portugal daqui a um ano.
PS: O grande desafio da temporada será mesmo a subida de divisão..
AA: O desafio é subir de divisão. Essa é a nossa única ideia. O Louletano não pode estar nesta divisão. Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para superar este desafio com níveis de excelência.
PS: A formação vai assumir um peso importante daqui para a frente?
AA: A formação tem sempre um peso importante. Temos as três principais equipas nos nacionais, iniciados, juvenis e juniores. Queremos apostar em bons jogadores, bons técnicos e gostávamos muito de aproveitar os nossos miúdos para o plantel sénior. Nesse sentido vamos ter uma equipa B, com os recém promovidos a seniores, que queremos manter no clube e que entrem na equipa A a médio prazo. Vai ser uma aposta séria, como temos feito até aqui. Este ano fomos buscar um preparador físico para trabalhar em exclusivo com a formação, algo que não se vê em muitos clubes.
PS: Quantos atletas tem atualmente o Louletano?
AA: O Louletano a nível geral tem muito perto de 2000 atletas. A contar com o futebol, ciclismo, triatlo, futsal, ginástica, natação, musculação. Somos um clube eclético.
PS: Em termos de captação de atletas, trabalham mais o mercado do Algarve ou vão buscar lá fora?
AA: Nós temos um problema. No Algarve com duas ou três carrinhas conseguimos ir buscar miúdos para jogarem na formação. Se for alguém de fora a logística é complicada. Não é fácil conseguir alojamento em Loulé para eles e portanto não tem sido uma opção. Mas vamos buscar aqueles que consideramos melhores ao nível do Algarve.
PS: O isolamento geográfico é um problema?
AA: É verdade e sentimos isso na pele. As equipas dos nacionais fazem muitas deslocações e é um problema económico para nós, aliado ao desgaste dos miúdos. Mesmo em termos de contratações. A zona de Lisboa, tem um mercado com um raio de ação totalmente diferente do nosso.
PS: O Louletano está perto de completar 100 anos de existência. Já há planos comemorativos?
AA: Vamos preparar um centenário como deve de ser. Vamos criar várias dinâmicas durante um mês ou dois, temos uma comissão para trabalhar o centenário e queremos fazer coisas especiais em Loulé, que tragam visibilidade a todas as modalidades. Queremos levar o clube às pessoas da cidade.
PS: Como analisa a relação entre o Louletano e a população residente de Loulé?
AA: Nós gostávamos que as pessoas viessem mais ao jogos, ao estádio, ao pavilhão, à piscina, mas não é fácil. Com os seniores a jogar no estádio do Algarve também alguns adeptos deixaram de ir ao futebol. Quando jogávamos aqui dentro era mais fácil. Mas vamos trabalhar para contornar a situação e chamar pessoas de novo para o futebol e modalidades.
PS: O futebol e o ciclismo assim especial importância na vossa estrutura ou existe preocupação competitiva em relação a todas as modalidades?
AA: Todas as modalidades são muito importantes para o clube. O ciclismo tem a tradição de sempre, no triatlo e na natação temos equipas a competir ao mais alto nível, temos campeões do mundo na musculação e campeões nacionais na ginásticas. O Louletano hoje é muito mais do que futebol e ciclismo, embora essas sejam modalidades de forte tradição e que os nossos adeptos gostam. E o ciclismo tem a vantagem de passar na televisão, o que é uma grande publicidade.
PS: Até onde pode chegar a Aviludo-Louletano na próxima Volta a Portugal?
AA: Temos dois homens que podem discutir a Volta a Portugal, que são o Vicente de Mateos e o Carlos Oyarzun. O Nuno Meireles lesionou-se e o Tomás Contte também está com limitações e teve algum tempo sem competir. Mas temos uma bela equipa e contamos fazer uma grande prestação na Volta a Portugal.