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“Queremos formar campeões no desporto e na vida”

Entrevistado: Eduardo Guimarães, presidente do FC Vizela

Portugal Sport – Em termos pessoais, conte-nos um pouco do que foi a sua ligação com FC Vizela, uma vez que desde cedo acompanhou o percurso desta instituição.

Eduardo Guimarães –Já é uma ligação longa, desde tenra idade que acompanho o clube e joguei no FC Vizela até aos juniores. No ano em que o FC Vizela subiu à primeira divisão, fui jogar para Vilarinho. Quando o FC Vizela desceu, regressei ao clube e vesti estas cores até aos 25 anos. Mais tarde, fui convidado para presidente da Assembleia Geral, desafio que aceitei. Mas os problemas eram muitos, o FC Vizela tinha o nome envolvido no escândalo do Apito Dourado, que relegou o clube da segunda Liga para os campeonatos amadores. O presidente da altura deixou o clube, não havia grandes apoios, e sem conseguir arranjar um novo presidente, criamos uma comissão administrativa que se tornou nesta direção. É uma vida ligada ao clube da terra.

PS – Hoje o FC Vizela vive um momento de sucesso desportivo, muito apoiado pela criação de um SAD, que investe hoje na equipa profissional. A direção do clube assume a responsabilidade das camadas jovens e modalidades?

EG – Certo. Passamos tempos difíceis após os problemas financeiros que tivemos e aos poucos fomos reconstruindo o clube. O ponto fundamental desta recuperação foi quando o FC Vizela subiu à segunda Liga, com o treinador Ricardo Soares, e que criou valor ao FC Vizela. Havia muitas pessoas interessadas em investir no clube, mas é diferente investir num clube do Campeonato Nacional de Seniores ou Campeonato de Portugal, e investir numa equipa que está nos profissionais.

Na altura constituímos uma SAD para participar nos campeonatos profissionais e depois abrimos o capital da SAD a um investidor. E foi um marco fundamental para que o FC Vizela tivesse esta projeção, quer ao nível de resultados desportivos, quer ao nível dos investimentos efetuados nas nossas instalações. É um momento alto que o FC Vizela está a viver, apenas comparável ao ano de 1984/85, onde estávamos também na primeira divisão nacional, mas nessa altura o clube não tinha estádio e jogava em Guimarães.

PS -O país entrou em pandemia há dois anos. O mundo do desporto sofreu um forte impacto. Em termos de número de atletas e associados, o FC Vizela sofreu consequências?

EG – A questão da pandemia. Tivemos de seguir todas as regras e cessar toda a atividade. Não tivemos grandes perdas de atletas na formação, mas tivemos efetivamente de parar os treinos. Penso que grande parte dos atletas acabaram por voltar.

Em relação aos sócios, como esta situação coincidiu com duas subidas de divisão, não notamos muito impacto. Com o clube em trajetória ascendente acabamos por conseguir angariar mais sócios e não perder os que tínhamos.

PS – Qual é vossa estratégia para a formação do clube.

EG – Fiz formação no FC Vizela e sei a importância que este tipo de formação tem nas pessoas que praticam desportos coletivos. Todos querem fazer parte um puzzle, na luta por objetivo que é comum a todos. Nós queremos facultar as melhores condições possíveis aos nossos jovens.

O meu sonho para a formação do FC Vizela é a construção de uma academia para o clube, com boas condições, não apenas de formação desportiva, mas também com formação escolar. Queremos formar campeões no desporto e também campeões para a vida.

PS – O FC Vizela tem demonstrado um enorme bairrismo, no que respeita à sua massa adepta, que demonstra um enorme amor à camisola no clube. Esse fenómeno acontece também nos balneários dos escalões de formação?

EG – Este amor ao clube vem da ligação entre o FC Vizela e a cidade. Eu considero a nossa massa adepta apaixonada. O FC Vizela tem um nome que o liga à cidade, que por si já é muito bairrista. Existe uma grande união entre a cidade e o futebol e os nossos atletas percebem isso. Temos atletas de fora, que ficam com um amor tremendo ao clube. Na formação e não só.

PS – Em termos de captações de atletas, o FC Vizela recruta acima de tudo jovens do concelho?

EG – Confesso que em termos de formação de base, até aos juvenis, captamos aqui na zona. Temos o Vitória SC ao lado e também o SC Braga com outras capacidades, portanto temos de nos centrar em Vizela e periferia. Mas com a subida à primeira Liga o FC Vizela passou a ser um clube mais atrativo para os jovens e isso ajuda-nos à ir à luta na captação de talentos. A partir dos juniores a formação pertence à SAD e nesse caso a captação é feita a nível internacional.

PS – Enquanto direção sentem que sucesso do FC Vizela aumenta também o grau de exigência dos adeptos?

EG – Sem dúvida. O clube começou a ganhar e as pessoas começam a sonhar com mais. Quando subimos à segunda Liga tivemos pessoas a pedir para levarmos o clube à primeira Liga, são situações normais. Posso contar uma situação caricata: Na festa de subida à primeira Liga, vi um adepto com uma tarja a dizer: “Agora queremos a Champions”. Claro que acabou por ser uma brincadeira, mas acaba por traduzir um pouco os sonhos das pessoas. Sendo realistas o nosso foco é a permanência no principal patamar do futebol nacional, um objetivo duro mas muito importante para o nosso clube.

PS – Sentem que a euforia vivida pela massa adepta, faz-se também sentir nas bancadas do estádio e nas modalidades?

EG – Sentimos. Uma das coisas que sentimos é que aqui no estádio temos uma presença muito maior de jovens. Quando estávamos no Campeonato Nacional de Seniores tínhamos aquelas pessoas com alguma idade a assistir, mas neste momento temos muitos jovens no estádio e muitos jovens como sócios. Tenho a certeza que se o FC Vizela conseguir a manutenção prolongada na primeira Liga, vamos ter cada vez mais adeptos a torcer pelo clube, nos jogos contra Benfica, FC Porto e Sporting. O FC Vizela é cada vez mais o clube nº1 das pessoas de Vizela.

PS – O FC Vizela além do futebol, alberga as modalidades do atletismo e do basquetebol. Qual é o grande objetivo com estas duas secções?

EG- No atletismo, que é uma modalidade histórica no FC Vizela, queremos formar cada vez mais. Temos o Rui Ferreira que é o treinador da seleção, treinador da Salomé Rocha, e temos essa referência, um excelente formador em termos de desporto e em termos de criação de carácter. Vamos aprimorar talentos que temos na região e procurar novos atletas com potencial para singrar no atletismo.

No basquetebol, a modalidade é recente, tem dois anos, mas foi a que mais cresceu. Temos 80 atletas, temos miúdas que são convocadas para a seleção do seu escalão. É uma modalidade que cresceu muito no clube, em termos de praticantes e de qualidade. Os resultados falam por si.

PS – Existe abertura para novas modalidades?

EG- Temos abertura para novas modalidades. Mas precisamos de criar condições para isso. Estamos a usar os pavilhões das escolas e em termos de instalações estamos um bocadinho limitados. Sabemos que no futuro existe a intenção do município de melhorar as condições infraestruturas para a pratica desportiva na cidade, e quando isso acontecer, poderemos albergar novas modalidades no clube.

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