U. Lamas – Entrevista ao Presidente Duarte Martins
Portugal Sport – Adepto conhecido do clube, de que forma aconteceu a transição do adepto Duarte Martins para presidente do U. Lamas?
Duarte Martins – Nasci cá dentro do clube. O meu pai jogou aqui 18 anos, também joguei aqui. Com 14 anos fui um dos fundadores da claque do clube e como é lógico nunca tinha pensado em ser presidente. Não era uma ambição natural minha, mas em conjunto com um grupo de adeptos, procuramos pessoas para ajudar o clube. Não as encontramos e entre nós procuramos agarrar o clube e tentar levar o U. Lamas a conquistar os pergaminhos que já conquistou no passado.
PS – Como foi possível unir a equipa na época passada?
DM – Foram tempos difíceis. Mas temos um objetivo comum. Queríamos subir de divisão e lutamos até ao fim. Perdemos na final. Entramos no clube com passivo, hoje temos zero de dividas. Claro que com a massa adeptas que temos perdemos o 12º jogador o ano passado. Mas esta época eles estão de volta e vão ser o nosso principal reforço.
São um apoio extra. E isso notou-se o ano passado e agora com os amigáveis que já fizemos. Nesta casa nem existe a camisola 12, mesmo para homenagear os nossos adeptos.
PS – De que forma prepararam a época a pensar na subida, com reforços e com formação a transitar para os seniores?
DM – Fomos tendo ao longo do último ano jogadores referenciados. Subindo ou o não. O plano era sempre o mesmo. Abordamos esses jogadores e conseguimos contratar quem queríamos. Foi uma preparação atempada, com um lacuna ou outra. E são com estes que vamos a luta, da formação tivemos seis jogadores que integraram os treinos da equipa sénior este ano.
O plantel é forte, mas os miúdos tem aqui as ferramentas para quando chegar o momento deles, não vacilarem.
PS – O U. Lamas vai começar a Taça contra o Sp. Espinho. Tem alguma perspetiva para este clássico, com duas massas adeptas que se conhecem bem?
DM – Fiquei muito feliz por ser com o Sp. Espinho. É um jogo de Taça e não será fácil para nenhum de nós. Os adeptos adoram estes jogos, os jogadores também. E fiquei muito feliz por ter calhado o Sp. Espinho. A guerra será dentro de campo, fora das quatro linhas vamos receber o adversário da melhor maneira.
O Sp. Espinho está num campeonato superior, tem outras armas, mas Taça é Taça e o Lamas pode ser o primeiro tomba gigantes desta competição.
PS – Num clube como o U. Lamas, a formação será a peça fundamental para alavancar o clube para outros rumos?
DM – A frente do atleta tem de estar o ser humano. O clube foi muito prejudicado na formação ao longos dos últimos anos. Temos duas equipas na segunda distrital. Precisamos também de melhorar o futebol de Sete. O trabalho de formação não se vê de uma hora para a outra. Mas temos um projeto desenvolvido a nível e formação, que poderá dar frutos a cinco ou seis anos. Mas temos de dar largas a imaginação e fazer com que as pessoas e os atletas confiem no trabalho que está a ser desenvolvido no clube. O U. Lamas dá muitas oportunidades ao jovens nos seus planteis. Desde a década de 70 que isso acontece e queremos recuperar esse pergaminho.
Há algo que já podemos garantir. Quando um miúdo chega ao clube, aprende a alma unionista. E isso implementamos sempre. Quem cresce aqui aprende a gostar do União.
PS – Em termos de talento, o clube tem uma boa geração de atletas, comparativamente a anos anteriores?
DM – Temos uma boa geração na equipa de juniores. Vamos ter este ano uma equipa bastante competitiva. Estamos a fazer um trabalho para ser cada vez mais fácil para um atleta de formação integrar a equipa sénior, sem sentir aquela pressão habitual. Independentemente da qualidade do jogador, é importante que ele esteja bem e que se sinta bem ao integrar o plantel sénior.
Os nossos juniores já tem o mesmo sistema de trabalho da equipa sénior. O mesmo treino tecnico e tático, com o mesmo modelo de jogo. Somos amadores mas trabalhamos como um clube profissional neste aspeto.
PS – A formação será futuro dos clubes em geral?
DM – Sem dúvida. E agora mais do que nunca. Daí a importância em melhorar a formação. Um clube no nosso entender, não pode deixar para trás a sua formação. A formação é a força de um clube em todos os aspetos. Se um atleta do clube no fim da sua formação, se levar o clube no coração, para mim a aposta já está ganha.
Infelizmente vemos hoje muitas equipas amadoras, com muitos estrangeiros e sem jogadores na formação. Já vi planteis com 21 jogadores no distrital e 18 estrangeiros. Não temos nada contra jogadores estrangeiros, mas é triste quando no futebol amador não há espaço para os nossos miúdos.
PS – O feminino é uma hipótese?
DM – Para nós o feminino é um sonho. Queremos implementar essa secção no clube, com três escalões de formação. Ainda não demos o primeiro passo nesse sentido, mas é o futuro do desporto português e o U. Lamas não quer fugir à regra. Sabemos como fazer, para já está em stand by. Será uma das boas surpresas nos próximos tempos no clube.
PS – Existe abertura do clube para abrir novas modalidades, além do futebol e do hóquei em campo?
DM- O hóquei em campo enche nos de orgulho. Ganhamos vários títulos na modalidade e o Lamas sempre foi um símbolo de ecletismo. Hoje não somos um clube ecléticos, mas estamos de portas abertas para a criação de novas modalidades.
PS – Neste momento, qual é o principal desafio do clube?
DM- O nosso maior desafio é subir de divisão. Trabalhamos para isso. Trabalhamos também para as direções futuras. Certamente a próxima direção não vai encontrar as mesmas dificuldades que nós tivemos. O clube financeiramente está estável, não damos um passo maior que a perna, mas queremos mesmo subir de divisão. Sendo que não vamos esquecer o que aconteceu há 13 anos atrás , quando o clube teve de fechar portas. Vamos ser responsáveis nesse sentido.
Sabemos que os nossos adeptos estão sedentos de vitórias e se em maio o clube subir de divisão, será o dia mais feliz da minha vida.