CF Estrela – Entrevista ao ex-avançado Gaúcho
Portugal Sport – Como é que o Gaúcho viu este ressurgimento do Estrela, depois de 10 anos extremamente complicados?
Gaúcho – Sempre acompanhei o Estrela. Mesmo no Brasil. A fusão com o Sintra foi muito boa, o André Geraldes está a fazer um trabalho maravilhoso e é com muita alegria que vejo novamente o Estrela na Liga 2. A Amadora também merece um clube nos profissionais e o Estrela é um clube de primeira Liga.
Os adeptos do Estrela são incríveis. Mesmo quando era jogador a massa adepta fazia a diferença no jogo. Até para os grandes era difícil jogar contra nós na Reboleira, tal era a motivação que nos davam da bancada. Seja Benfica, FC Porto ou Sporting, era difícil vencerem-nos em casa e isso deve-se muito aqueles adeptos.
PS – Que recordação tem da relação que havia entre o clube e os adeptos do Estrela?
Gaúcho – Muita união. Recordo-me de estar em estágio na Costa da Caparica, para um jogo contra o Benfica e tivemos um cordão humano desde a Caparica até ao estádio da Luz. Isto sendo nós um clube da Amadora!
PS – Foi no Estrela que o Gaúcho considera que atingiu o auge da sua carreira futebolística?
Gaúcho – Eu vim do Recife, um grande clube do Brasil. No Estrela foi muito acarinhado e as coisas correram bem. O grupo ajudou-me bastante no meu primeiro ano. A equipa era muito boa, com o Paulo Santos, o Zé Carlos, o Leal, o Rebelo, o Rodolfo, o Cheinho, Paulo Ferreira, Miguel… muitos craques. Havia o Jorge Andrade também, mas ainda era júnior.
PS- Quem foram os treinadores que mais o marcaram no clube?
Gaúcho – Fernando Santos e Jorge Jesus. Quatro de anos de trabalho com eles. Dois grandes treinadores e basta ver onde eles estão hoje: Seleção e Benfica. Dois treinadores muito diferentes, mas que me fizeram crescer imenso.
No começo na Europa tive dificuldades de adaptação. Cheguei ao Estrela emprestado porque queria jogar na Europa e o clube acabou por comprar a clausula de rescisão e fiquei cinco anos no clube. O Fernando Santos teve um papel fundamental para eu me adaptar e depois vieram os golos, que foram muitos, felizmente.
PS- Ingressar num dos grandes, esteve no horizonte?
Gaúcho – Cheguei a ter algo com o Benfica, no tempo do Souness. Quando chegou a hora de conversar, ele foi despedido. Depois estive para ir para o FC Porto no ano seguinte, com o Fernando Santos, mas apareceu o Pizzi do Barcelona e eu fiquei no Estrela. No final do ano o Pizzi tinha feito cinco golos e eu fiz 21.
PS – Existe um golo mais importante que todos os outros, no Estrela?
Gaúcho – Tem dois golos que fiz em Alvalade, dos melhores da Europa. Tem dois golos que fiz ao Benfica, onde vencemos 3-0. Os golos aos grandes são sempre mais marcantes, são jogos difíceis, com poucas oportunidades para marcar.
PS – Olhando para a época que vai decorrer, o Estrela vai poder contar com o Gaúcho para ser mais um adepto nas bancadas do José Gomes, agora que teremos a reabertura dos recintos desportivos?
Gaúcho – Sim. Eu já manifestei a minha vontade de fazer parte da família do Estrela. O clube está no meu coração e quero retribuir toda a aprendizagem que me deram. Quero dar a minha experiência e ajudar de alguma maneira o Estrela a conseguir os seus objetivos.