“As nossas 27 secções desportivas tornam-nos o clube mais eclético do país”
Entrevista a João Caseiro, Presidente da AAC
Portugal Sport: Conte-nos um pouco do seu percurso de vida e académico até assumir primeiramente um cargo de vice-presidência na Associação Académica de Coimbra?
João Caseiro: Sempre me interessei muito por desporto, nomeadamente por futsal e futebol. Desde muito novo comecei a tentar conhecer todas as equipas e jogadores dessas modalidades. Ainda tinha 5 anos de idade quando entrei na escola de futsal ARCED, em Oliveira do Hospital, e durante toda a minha juventude, até vir estudar para Coimbra, frequentei camadas jovens de clubes do meu concelho. Quando entrei na Universidade de Coimbra deixei de jogar, não por falta de oportunidade, mas pela mudança como um todo, senti que era a altura de dar um outro rumo à minha vida.
Assim, desde o meu primeiro ano foquei-me no curso, a licenciatura em Ciências da Educação na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, conheci de forma mais próxima a cultura de Coimbra e dediquei-me a alguns projetos. Ainda no primeiro ano de licenciatura entrei no Núcleo de Estudantes da minha Faculdade, o Núcleo de Estudantes de Psicologia, Ciências da Educação e Serviço Social da Associação Académica de Coimbra, no qual estive três anos, onde passei pela coordenação de um pelouro e pela direção do Núcleo. Participei noutros projetos de associativismo e voluntariado e faço parte, desde junho de 2021, da Assembleia da Faculdade.
PS: Que competências a AAC reconheceu ao João, de forma a assumir a pasta do desporto, que é uma bandeira não apenas da Universidade de Coimbra, mas também do desporto nacional?
JC: A Direção-Geral da AAC conta com três vice-presidentes, entre os quais foram distribuídas pastas. As “grandes” pastas de cada vice-presidente acabam por ser o desporto, a cultura e os núcleos e para a responsabilidade de cada uma foi feita uma reflexão para perceber o que seria mais adequado para o trabalho na Direção-Geral.
Quando foi colocada a hipótese de ser vice-presidente com a pasta do desporto pensei muito sobre o assunto, pois tinha a noção que era uma pasta trabalhosa. Após refletir, encarei o desafio como uma grande responsabilidade e após tomar posse dediquei as primeiras semanas a conhecer a realidade das secções desportivas e de toda esta grande valência que é o desporto da AAC.
A Associação Académica de Coimbra é uma entidade central na realidade da região de Coimbra nas suas várias vertentes, inclusivamente no desporto. O seu peso no desporto local, mas também nacional, é notório. As nossas 27 secções desportivas tornam-nos o clube mais eclético do país e o nosso papel enquanto Direção-Geral não é o de interferir diretamente com a política interna de cada secção, mas sim o de dar diretrizes e de ser um facilitador nos processos. Foi também com este pensamento que assumi a pasta da vice-presidência do desporto, com uma postura de acessibilidade e abertura para ajudar a resolver problemas.
PS: Quais os principais objetivos traçados para o desporto, quando esta equipa assumiu a direção da Associação Académica?
JC: Em primeira instância queríamos conhecer a realidade da casa de forma aprofundada e garantir uma estabilidade ao longo do mandato. Acima de tudo, o nosso objetivo era e é criar e garantir as condições necessárias para o desenvolvimento das secções desportivas e a consolidação das mesmas nas respetivas modalidades. Para estes efeitos é vital manter relações de proximidade com o Conselho Desportivo da Associação Académica de Coimbra e com as várias Secções Desportivas e temos procurado trabalhar nesse sentido.
Além disso, perspetivamos celebrar os 100 anos desde a segunda inauguração do Campo de Santa Cruz, o que será certamente um momento emblemático e coerente com a história da Associação Académica de Coimbra. Este evento estava planeado para o mês de março, visto ser o mês do centenário em questão, mas pelo acontecimento que nos abalou em março não foi possível realizar o mesmo. Temos também uma visão enquanto Direção-Geral para o Desporto Universitário e pretendemos tornar as equipas da AAC mais competitivas neste campo.
Neste âmbito destaco nitidamente a nossa vontade de elevar ainda mais a AAC como um todo e em todas as suas vertentes e derrubar barreiras que permitam o desenvolvimento sustentável do desporto da Académica.
PS: De que forma a direção da Associação Académica colabora e coordena o projeto desportivo de toda a Associação Académica de Coimbra, uma das instituições mais antigas e ecléticas do desporto do nosso país?
JC: A Direção-Geral é um órgão central e o seu papel é o de garantir condições para o desenvolvimento da casa, através da sustentabilidade e atividade das suas estruturas. Ao nível do projeto desportivo, existe um órgão, que é o Conselho Desportivo, na qual a Direção-Geral tem assentos, com membros de secções desportivas, que tem mandatos mais longos do que os mandatos da Direção-Geral, por exemplo. É um órgão intermédio, que faz a ligação entre Secções Desportivas e a Direção-Geral, que tem demonstrado estabilidade ao longo dos anos e é, sem dúvida, essencial na coordenação do projeto desportivo da casa em conjunto com a DG/AAC.
Quando pensamos no desporto da Académica precisamos de pensar de forma cooperativa e em todas as dimensões do desporto. Este é um trabalho que procuramos realizar sempre com proximidade com quem faz parte das secções, quem as vive e sente os seus problemas e desafios no dia a dia com mais intensidade. É com esta visão que trabalhamos para o desporto na Associação Académica de Coimbra: com uma perspetiva de desenvolvimento, de conquistas e de cooperação.
PS: Olhando para fora da Universidade, como analisa a relação que a AAC tem com a cidade de Coimbra?
JC: A Associação Académica de Coimbra, nas suas diversas valências, tem um papel de centralidade na cidade de Coimbra e em toda a região. A história da Académica ao nível estudantil, político, cívico, cultural e desportivo é única e a centralidade da Académica é inerente à cidade de Coimbra.
Muitas pessoas sentem a Académica como sua, estão atentos ao seu dia a dia e envolvem-se ativamente na atividade da AAC. Isto aplica-se naturalmente também no desporto. Desde a massa adepta, a dirigentes e atletas, a AAC é parte da vida de crianças e jovens, de adultos e de idosos, de cidadãos naturais de Coimbra e daqueles que por esta cidade e pela AAC se apaixonam ao longo da vida. É algo especial e percetível.
Pelas suas vertentes e pela oferta que disponibiliza à cidade, a AAC é um meio de formação pessoal, profissional e uma escola para a vida. É uma verdadeira casa do desporto através das secções.
PS: O facto da AAC ser uma marca própria e ter uma dinâmica totalmente diferente das associações académicas de outras universidades, gera uma responsabilidade acrescida naquilo que é o vosso trabalho?
JC: Temos conhecimento daquilo que é a nossa história, da nossa importância e do tamanho da AAC. É algo que acarreta uma responsabilidade acrescida na nossa atividade enquanto dirigentes, mas ser parte desta casa com esta história incute-nos um sentimento de honra e de orgulho enorme.
PS: Uma mensagem para todos os estudantes e antigos alunos da Universidade de Coimbra.
JC: A todos os estudantes e antigos estudantes da Universidade de Coimbra cabe-nos dizer que as portas desta casa que é a AAC estarão sempre abertas a toda a gente. Passar por Coimbra, viver esta cidade, as suas tradições, a AAC e esta mística é algo único e que diferencia o percurso de qualquer um. Aos que já cá passaram, uma palavra de agradecimento por aquilo que acrescentaram consciente ou inconscientemente a esta cidade. Aos que ainda cá estudam e aos que virão, envolvam-se, aproveitem e contem com a AAC ao vosso lado.