Modalidades

“O Universo desportivo da AAC representa cerca de 60% do desporto da cidade”

Entrevistado: João Pereira, Secretário-Geral do Conselho Desportivo da AAC

Portugal Sport: Partilhe um pouco connosco aquilo que é hoje a realidade da Associação Académica de Coimbra. É do conhecimento geral que o futebol profissional é um organismo autónomo, mas a AAC contínua ainda hoje a ser uma das associações mais ecléticas de Portugal.

João Pereira: A história do desporto na AAC tem muitos anos, com muitos títulos e importantes figuras do nosso País a competir pela AAC. O futebol profissional, apesar de ter tido origem na antiga secção de futebol, após o 25 de Abril é apenas uma pequena parte do Desporto da AAC. Diariamente cerca de 3500 atletas mais umas centenas de dirigentes e treinadores, trabalham para que as secções possam competir, trazendo sucesso desportivo e crescimento pessoal para todos aqueles que desde o Judo, à ginástica, passando pelo voleibol, basquetebol, rugby…num total de 27 modalidades e duas pró-secções, elevam o nome do desporto da AAC. A soma de todos os que trabalham e competem com o nosso símbolo, fazem da AAC uma das organizações mais ecléticas no nosso país.

PS: Olhando para o vosso universo desportivo, ainda há espaço para a abertura de novas modalidades?

JP: A abertura a novas modalidades é um processo para o qual o Conselho Desportivo da AAC está sempre disponível a estudar, desde que se possa enquadrar no seio da AAC. Atualmente temos duas pró-secções, estruturas criadas recentemente: a pró-secção de boccia e de Padel. Perante o crescimento destas modalidades, e os dirigentes que as compõe, acredito que brevemente a AAC passe a ter 29 secções desportivas.

PS: Face ao panorama vivido, derivado da pandemia que continuamos a atravessar, que constrangimentos tiveram de ultrapassar de forma a manter a vitalidade das várias modalidades da AAC?

JP: O mérito está nos dirigentes das diferentes modalidades, que acreditaram e souberam cautelosamente pensar e gerir os tempos de pandemia, mesmo sabendo que não seriam tempos fáceis. Naturalmente, foram criadas estratégicas, essencialmente para fixar os atletas de formação e seniores, que foi desde início um dos principais constrangimentos, a par da diminuição de receitas.

PS: No plano desportivo, quais são os grandes objetivos da Académica? Existem modalidades ao qual procuram maior exigência do ponto de vista competitivo?

JP: No seio da AAC, sempre existiram modalidades que competem a um nível mais elevado do que outras, fruto de gerações, como é o caso do rugby ou basquetebol, ou de massas como é o caso do futebol. Depois existem modalidades individuais que trabalham para colocar atletas nos Jogos Olímpicos, e existe ainda modalidades próximas de lazer. Quero com isto dizer que o Universo de atletas em competição é muito heterogéneo de modalidade para modalidade, mas todos com o seu mérito e dedicação à AAC.

PS: Atualmente qual é o número de atletas totais a praticar desporto nas modalidades da Académica?

JP: Cerca de 3500 atletas.

PS: Existe algum tipo de relação entre a Académica de Coimbra e as várias coletividades desportivas que existem em Coimbra? Como classifica a relação entre clube e cidade?

JP: Infelizmente, hoje sentimos um afastamento da cidade ao desporto no geral, e no caso da AAC, próximo de um divórcio. No caso do futebol profissional, sou do tempo em que ao domingo era sagrado ir à bola. Mas quem acompanhava verdadeiramente o futebol profissional, tinha também a responsabilidade de acompanhar as outras modalidades. Tenho memórias em criança, de sábados inteiros no Estádio Universitário, de assistir a jogos de várias seções pelos diferentes recintos desportivos, e no final do dia ainda ir ao pavilhão do OAF assistir a mais um jogo. Hoje isto não acontece… é certo que a AAC se difunde e está enraizada na cidade de Coimbra, sendo uma peça fundamental para muitas sinergias e uma ponte entre o estudar e praticar desporto. Usando o meu exemplo, cresci a jogar futebol na Académica desde os sete anos de idade, entrei na Universidade de Coimbra com 18 anos, e continuei a jogar futebol na Académica. Relativamente a outras coletividades desportivas e dependendo da modalidade, existem relações de maior proximidade com a AAC, no entanto, é importante destacar que o Universo desportivo da AAC representa cerca de 60% do desporto da cidade de Coimbra.

PS: A Académica é um organismo muito diferente em comparação com outros clubes e academias do nosso país. Existe uma mística em volta da história da Académica de Coimbra, que atrai não apenas estudantes da Universidade de Coimbra, mas também pessoas que estudaram noutras universidades portuguesas ou que frequentaram a Universidade de Coimbra no passado. Essa mística continua presente da vida da Académica de Coimbra e conseguem passar esse sentimento a todos os novos atletas da instituição?

JP: Quem passa pela AAC e pela Universidade de Coimbra, sabe a mística que aqui existe, e o tempo que infelizmente não volta. É um facto que o sentimento deve ser passado para as novas gerações.

PS: Pensando já na próxima época desportiva, que metas pretendem alcançar em 2023?

JP: De um modo geral, a época de 2022 foi sem dúvida uma época que não deixará boas memórias.Haverá sempre exceções, no entanto para 2023, o retorno de algumas modalidades ao nível de competição que habituaram os associados e a cidade, será sem dúvida a principal meta a atingir.

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