“Queremos ficar nos primeiros cinco lugares”
Entrevistado: Paulo Amorim, Team Manager das equipas femininas do Imortal Basket.
Portugal Sport: Qual foi o momento chave deste último campeonato, que permitiu o Imortal Basket alcançar a Liga e terminar a prova invicto?
Paulo Amorim: O momento chave foi o jogo com a Sanjoanense, quando conseguimos a subida de divisão. Depois a cereja no topo do bolo foi termos sido campeões. Outro momento foi o jogo com o GDESSA para a Taça, que deu para colocar testar a nossa equipa contra um clube da Liga principal. Percebemos nesse momento que estávamos com bom nível, com uma equipa forte. Nesse jogo o resultado podia ter dado para os dois lados.
PS: O objetivo sempre foi chegar ao principal patamar do basquetebol nacional?
PA: Sim. O nosso projeto é a cinco anos. No clube nunca tínhamos tido seniores femininos e a criação desta equipa teve como objetivo chegar à Liga em cinco anos. O ano passado surgiu a hipótese de contratar três jogadoras, que permitiu que a equipa crescesse em qualidade: Márcia Carvalho, Artémis Afonso e Marcy Gonçalves. Não subimos, ficamos a um jogo da subida. Este ano, modificamos o grupo quase todo, optamos por jogadoras mais maduras, experientes e fizemos uma temporada que superou todas as expetativas.
PS: Condições que o Imortal conseguiu garantir às jogadoras, de maneira a conseguir este excelente plantel?
PA: O Algarve está numa posição geográfica um pouco complicada. No norte ou no centro é muito mais fácil contratar jogadoras. Aqui temos de fazer um esforço para dar qualidade de vida às atletas, incluindo alojamento, empregos, etc. É dispendioso para o clube conseguir garantir que não lhes vai faltar nada, mas já sabíamos que elas não vinham aqui só para jogar e viver do ar. Felizmente temos o apoio municipal que é muito importante para nós, bem como T-Cars, que aposta em nós desde o inicio do projeto. São o nosso grande suporte, sem eles não tínhamos uma equipa desta qualidade.
PS: Reconhecimento na cidade, existe?
PA: Ainda há muitos mitos em relação ao feminino. Sentimos na pele alguma discriminação, sobretudo em termos de patrocínios. E isso faz-nos questionar: porque é que não é 50/50? Porque é que o apoio no feminino é sempre mais reduzido?
Elas fazem o mesmo trabalho, dignificam a camisola como o masculino. Não existe grande tradição em basquetebol feminino, mas hoje já se assiste a jogos extraordinários de basquetebol feminino no nosso país. Há muitas barreiras para serem quebradas ainda. Felizmente já se começa a ver alguma aposta e com os resultados da equipa, já tivemos a casa bem composta nos últimos jogos.
PS: Como analisa a formação de basquetebol feminino no Algarve e no Imortal?
PA: O feminino no Imortal tem evoluído na formação. Estamos a trabalhar cada vez melhor, com equipas competitivas nos nacionais. Agora vamos tentar construi a “ponte” entre a formação, equipa B e a equipa A. Com os resultados das seniores, as meninas da formação também já olham para o Imortal e para o basquetebol de outra forma. Quando o topo da pirâmide é forte, cria-se logo uma ambição e expetativas totalmente diferentes.
Mas o basquetebol no Algarve em feminino ainda precisa de crescer em qualidade e em formação de treinadores. Existe alguma carência nesse aspeto.
PS: O Imortal tem jogadoras da formação na equipa principal?
PA: Sim, já tivemos a Rafaela Castanheira e a Sofia Amorim. E a ideia passa por ter cada vez mais atletas da nossa formação no plantel principal. Pelo menos mais duas ou três atletas.
PS: Nesta nova montra competitiva, qual é o objetivo do Imortal Basket?
PA: Nós temos uma ideia do grupo que temos e que queremos mantê-lo. Podemos acrescentar duas ou três peças novas na equipa, com o objetivo de ficar nos primeiros cinco primeiros. Essa é a nossa ambição. Sabemos que é um novo nível competitivo, mais elevado, é um objetivo complicado, mas vamos com ambição.