Cristiano Ronaldo, a lenda
A Madeira deu ao mundo um dos jogadores mais talentosos de todos os tempos
Quem diria que o filho caçula de Dolores, uma cozinheira, e Dinis, um jardineiro, nascido no dia 5 de fevereiro, de 1985, num bairro montanhoso de uma das zonas mais pobres da Madeira, batizado em homenagem ao ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, que era o ator preferido do seu pai, viria a ser um dos melhores e mais talentosos futebolistas de todos os tempos.
Na temporada de 1993/94 chegou ao Andorinha um jovem franzino chamado Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro. Foi naquele pequeno clube da Madeira, que se iniciou a história de um dos mais virtuosos jogadores do mundo.
A família, pouco ligada ao futebol, não imaginava que ali estava um diamante por lapidar. «Tenho uma memória muito forte de quando tinha 7 anos. Tão forte que, quando fecho os olhos, imagino-a e emociono-me. Tem a ver com a minha família. O meu pai estava sempre lá para me ver, mas a minha mãe e as minhas irmãs não se interessavam minimamente por futebol. Todas as noites, o meu pai tentava, durante o jantar, convencê-las a irem ver-me e elas diziam ‘está bem’, mas não pareciam convencidas. Ia sempre olhando para a bancada antes do jogo e via sempre o meu pai sozinho, de pé. Até que um dia – nunca mais me vou esquecer desta imagem – enquanto aquecia, vi a minha mãe e a minha irmã lá sentadas.
Pareciam… Nem sei como dizer. Cómodas? Nem aplaudiam nem gritavam, só me acenavam, como se fosse um desfile ou assim. Notava-se que nunca tinham ido ao futebol. Mas estavam ali. E só isso me importava. Senti-me tão bem nesse momento. Significou muito para mim. Algo mudou em mim. Senti-me orgulhoso», contou o jogador no texto que escreveu para o Player’s Tribune em 2017.
Cristiano sentia que tinha o apoio da família, que sempre foi o seu principal pilar. «É certo que não tínhamos muito dinheiro nessa altura e a vida não era fácil na Madeira. Jogava com botas velhas do meu irmão ou dos meus primos. Mas quando és criança não queres saber de dinheiro. Só queres sentir-te de determinada maneira. E, naquele dia, senti-me assim. Senti-me protegido e querido. Como dizemos em português, menino querido da família», acrescentou no mesmo artigo.
Em 1995, Ronaldo mudou-se para o Nacional da Madeira e, passado pouco tempo, com apenas 12 anos, o madeirense acabaria por rumar ao Sporting, deixando o conforto da família e da ilha da Madeira para correr atrás do sonho.
De leão ao peito, Cristiano Ronaldo começou a encantar. Com apenas 17 anos, Lazslo Boloni lançou-o na 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões, frente ao Inter de Milão. Pelo Sporting ainda realizou 31 jogos oficiais, tendo marcado cinco golos. Em Alvalade, Cristiano Ronaldo entrou também para a história por ter alinhado nos escalões de sub-16, sub-17, sub-18 e na equipa principal numa só temporada. Mas aos 18 anos, já era grande demais para Alvalade.
Ferguson encantou-se pelo miúdo
No jogo de inauguração do estádio de Alvalade, em 2003, frente ao Manchester United, Alex Ferguson assistiu a uma bela exibição jovem Ronaldo.Rendido ao talento do jogador, o plantel do Manchester United chegou mesmo a pedir a contratação deste ao treinador para substituir David Beckham, que, entretanto, tinha saído para o Real Madrid. E Ferguson conseguiu.
O clube inglês pagou, na altura, 15 milhões de euros pelo jovem avançado leonino. Ronaldo pediu para jogar com o número 28 (o seu número no Sporting), pois não queria viver com a pressão da camisola 7, que já tinha pertencido a jogadores como George Best, Bryan Robson, Éric Cantona e David Beckham. Mas, Fergie entregou-lhe a mítica camisola 7.
Começava aqui a história de mais uma lenda do Manchester United.
Foram seis épocas recheadas de títulos coletivos e individuais. Em 2007/2008, o jovem internacional português venceu aquela que foi a primeira Liga dos Campeões. Na primeira em época de CR7 em grande plano venceu ainda a Bota de Ouro para melhor marcador europeu com 31 golos apontados e a primeira Bola de Ouro.
Mas o Manchester também já começava a ser pequeno para a ambição de Ronaldo. A sua carreira pedia outros voos.
Em 2009 deixou Inglaterra para rumar ao Real Madrid. Os madrilenos pagaram 94 milhões de euros pelo internacional português. Desde logo começou a especular-se de como seria o relacionamento de tantos craques na mesma equipa e se realmente um jogador de futebol valia tanto dinheiro. Ronaldo respondeu dentro do campo com golos, títulos e uma série de recordes batidos.
Primeiro golo
No dia 29 de agosto, Ronaldo coroou a sua estreia na Liga Espanhola com um golo de penálti contra o Corunha e a 15 de setembro marcou os seus primeiros golos na Liga dos Campeões.
Supera Puskás
Em 2011, tornou-se no maior marcador na história do Real Madrid com 53 golos marcados numa temporada, superando o recorde de 49 golos de Ferenc Puskás.
Diante do Malmö, em partida da fase de grupos da Liga dos Campeões, atingiu a marca de 500 golos na carreira. No mesmo jogo, o internacional português conseguiu outra marca importante e histórica. O avançado chegou aos 323 golos pelo Real Madrid e igualou Raúl como maior marcador da história da equipa merengue.
100 golos
Em 2017, frente ao Bayern de Munique, Ronaldo marcou os dois golos da vitória dos madrilenos, e atingiu a marca histórica de 100 golos em competições europeias, tornando-se o primeiro jogador a conquistar esse feito. Quando deixou Madrid, em 2018, ganhou tudo e mais alguma coisa.
Transferência para a Juventus
A Juventus pagou 100 milhões de euros para ter Ronaldo. Foi a maior transferência de clube italiano, superando Higuaín, que tinha sido comprado por 90 milhões. A sua estreia no campeonato italiano foi contra o Chievo, mas só ao quarto jogo,t conta o Sassuollo, é que Cristiano Ronaldo marcou dois golos. Nestes três anos em Turim Ronaldo ganhou dois campeonatos, uma aça e duas supertaças, mas falhou o assalto à sexta Liga dos Campeões.
Adeus a Turim?
Nos últimos tempos tem se falado muito na possibilidade de Cristiano Ronaldo deixar a Juventus no final desta temporada. Recentemente, o «Per Sempre Calcio» publicou um vídeo, em que mostra a colocação de carros de alta cilindrada num camião de uma transportadora portuguesa, o que alimenta ainda mais a indefinição sobre a permanência do internacional português no campeonato italiano.