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O “Billas” da Feira

O Clube Desportivo Feirense é uma instituição que dispensa apresentações. Com 14 modalidades esta coletividade de Santa Maria da Feira é o emblema mais poderoso do distrito de Aveiro, sendo nos últimos anos um dos principais representativos da região nos campeonatos profissionais de futebol e com uma das melhores escolas de formação de futebol, em todo o território Nacional. O complexo desportivo do Feirense é há 17 anos o orgulho do clube, que promete brevemente associar a este espaço o pavilhão de modalidades, há muito desejado pela massa adepta.

Carinhosamente apelidado de “Billas”, em referência ao antigo nome da cidade, Vila da Feira, o Feirense atravessa uma das melhores fases da sua já centenária história, acompanhando um crescimento que se verifica desde 2003, quando o sonho do novo complexo desportivo do clube, se tornou uma realidade. Rodrigo Nunes, presidente da instituição desde 2001 e um dos obreiros deste projeto, fala em “orgulho, mas também em responsabilidade, uma vez que esta obra só foi possível, através de uma máxima, onde o Feirense só poderia gastar aquilo que tem. Financeiramente privilegiamos a obra do complexo e também da renovação do estádio em relação à própria equipa de futebol e é por isso que o sucesso desportivo do Feirense está de mãos dadas com esta estrutura. O Feirense passou da 2ªDivisão B e chegou à Primeira Liga, com subidas e descidas, mas sempre nos profissionais e sem problemas de endividamento”.

Ainda sobre o complexo desportivo, o Presidente do Feirense garante que “os milhões investidos ao longo destes 17 anos aconteceram sempre que o clube tinha condições para o fazer e assim iremos continuar a atuar. O meu primeiro ato de gestão como presidente foi assinar uma livrança de 250 mil euros para dar inicio à compra dos terrenos. Arranjamos o espaço, fizemos os relvados, sintéticos, balneários e há medida que íamos tendo possibilidade, investíamos mais um bocadinho. Estão aqui 20 anos de trabalho e ainda há muito para fazer. Não tenho dúvidas de que quando tudo estiver pronto, iremos ter os sete relvados, a nossa piscina, o ginásio que já temos à exploração, o pavilhão para as modalidades e uma pista de atletismo que está a ser preparada. Será um espaço onde em Portugal apenas o Vale do Jamor poderá ser comparável em termos de dimensão”.

Rodrigo Nunes, Presidente do Feirense

Dentro do clube existem 14 modalidades, sendo elas o futebol, o andebol, natação, badminton, ciclismo, cicloturismo, judo, taekwondo, voleibol, futsal, futebol veterano, basebol, ginástica e e-sports e o objetivo é fazer do complexo o quartel general de todas as modalidades, albergando todos os atletas do clube, da formação ao veteranos. Dentro da estrutura do clube as portas estão abertas a novas modalidades, mas partindo sempre por um principio de auto-suficiência.

Vencer na formação

Estabelecidas todas as condições, não é de estranhar o sucesso do Feirense na formação de futebol. Os escalões de iniciados, juvenis e juniores disputam todos a primeira divisão nacional de futebol, e a vitória, apesar de não ser o mais relevante na formação de jogadores, não deixa de ter o seu nível de importância, uma vez que, na ótica de Rodrigo Nunes, “também tem de se aprender a ganhar. Não se pode formar bons atletas se não lhes for incutido um hábito de vitória. Quando uma equipa perde sempre e como se vê em alguns jogos de formação, que perdem por 12 ou 15 a zero, algo tem de estar errado”. Posto isto, o Feirense é sempre dominante no distrito de Aveiro e obtém consecutivamente excelentes resultados nas provas nacionais.

De forma a consolidar a formação, o clube procura enquadrar nos seus quadros, treinadores e diretores de formação de excelência, com capacidade de formar e de angariar os melhores atletas, para no futuro incorporarem o plantel principal do futebol profissional, ou partirem para ambiciosas aventuras, seja na elite do futebol português, ou no futebol internacional. “Um dos grandes exemplos que temos de formação no nosso clube é o Rafa Silva, que já foi campeão nacional e europeu, que em transferências para SC Braga e SL Benfica, nos rendeu dois milhões de euros, que aplicamos nas obras do complexo”.

Com um lugar entre as 10 melhores formações de futebol em Portugal, o Feirense também sofreu com o impacto da pandemia da COVID-19 no nosso país, uma vez que toda a competição juvenil foi interrompida. As complicações inerentes a esta situação resultaram de um ano sem jogar e vários meses sem treinar, sendo que a partir da próxima época a direção do Feirense espera poder ter toda a formação a competir a 100%.

Hoje o Feirense é um clube muito apetecível”

Até ao fecho desta edição, o Feirense encontra-se a disputar os lugares de acesso à primeira divisão nacional. Numa altura em que históricos como o Beira-Mar, a Académica e o União de Leiria estão sem disputar a primeira divisão de futebol há largos anos, o Feirense em conjunto com o Arouca apresentam-se como as únicas equipas entre Lisboa e Porto, com notáveis presenças no maior patamar do futebol nacional. Aliado a todas as condições que o clube aufere, o presidente do Feirense não tem dúvidas que “hoje, o nosso clube é muito apetecível. Na nossa zona geográfica e ao longo de vários quilómetros, não há nenhum clube que possa competir com as nossas condições e com a nossa ambição. Notamos muito isso nos nossos atletas de formação, que tem orgulho em chegar ao Feirense e também aqueles que representam a nossa equipa profissional. Também no concelho, sentimos que as pessoas respeitam e torcem pelo sucesso do clube. Santa Maria da Feira é um concelho com muitas freguesias e todas elas tem várias coletividades, com quem aprendemos a colocar o bairrismo de parte e com quem mantemos ótimas relações. Temos miúdos das várias freguesias e de concelhos vizinhos, que ajudam a alargar o número de simpatizantes do Feirense um pouco por todo o lado”, vinca.

Importa salientar que neste momento o futebol profissional do Feirense está entregue a uma SAD e a ambição do clube não passa apenas por regressar à primeira divisão nacional, mas sim ser uma presença constante, ocupando os lugares da metade de cima da tabela classificativa, com um lugar europeu em expetativa. Nas modalidades a expetativa é também elevada, sobretudo no andebol, modalidade de pavilhão onde o clube se começa a destacar nos grandes palcos e no ciclismo, uma vez que a história do “Billas” assim o exige, que venceu a prova em 1990, com Fernando Carvalho na camisola amarela e que ressurgiu nos últimos anos com uma nova equipa profissional.

Prémio de Responsabilidade Social

Numa altura em que o Feirense disputa o acesso à Primeira Liga de futebol, após um terrivél mês de março, o clube de Santa Maria da Feira foi distinguido recentemente com o Prémio de Responsabilidade Social, pela Liga Portugal e pela Fundação de Futebol, relativo ao mês transato, no âmbito de uma campanha sobre violência doméstica.

Os atletas do Feirense participaram num vídeo que assinalou o Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica, intitulado de “Diz NÃO à violência doméstica”. A iniciativa acabou então premiada, sendo este o segundo prémio que os “fogaceiros” recebem esta temporada, uma vez que em novembro já tinham sido distinguidos, devido à iniciativa “Billas On Tour”, um guia do concelho de Santa Maria da Feira, promovido pela mascote do clube, o Billas,

Este tipo de iniciativas é de resto muito comum na instituição Feirense, que só na presente temporada, realizou cerca de 30 movimentos de ação social, recaindo sobre temas como o racismo, solidariedade, saúde e ecologia, manifestando-se constantemente como uma voz ativa no que diz respeito a responsabilidade social.

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